Se você gosta de moda vitoriana ou dos babados envolvendo a realeza europeia da primeira metade do século 19, é bem provável que já tenha visto os retratos incríveis pintados por Franz Xaver Winterhalter. Esse pintor alemão de origem humilde, filho de um fazendeiro, foi um dos principais retratistas europeus dos anos 1830-1860 e o queridinho das famílias reais e da alta burguesia do Velho Mundo. O motivo? Winterhalter sabia como ninguém transportar para suas telas a riqueza e o luxo de seus clientes.
Franz Xaver Winterhalter nasceu em 1805 numa vila alemã na Floresta Negra (que pitoresco!) e estudou em um monastério beneditino antes de, aos 13 anos, deixar a casa dos pais e se tornar aprendiz numa oficina de litografia. O talento do rapaz era incontestável e, aos 18 anos, Winterhalter se transferiu para Munique com o patrocínio do Barão de Eichtal. Em 1825, com 20 anos, ele passou a receber uma pensão da Casa Ducal de Baden e pôde finalmente ingressar na Academia de Belas Artes de Munique.
Foi na Casa Ducal de Baden que a carreira meteórica de Winterhalter começou. A princesa Sofia da Suécia, esposa do Grão-Duque, escolheu Winterhalter como seu professor particular de desenho em 1828. Assim, as portas da realeza europeia se abriam para o jovem pintor, que agora tinha tempo para se dedicar às telas, uma fonte de renda fixa e contatinhos. Foi em 1828 que ele pintou o primeiro retrato da Princesa Sofia e provou seu valor como retratista:
Um dos motivos do sucesso de Winterhalter nas cortes europeias, retratando principalmente mulheres, era sua imensa capacidade de reproduzir na tela os ideais de beleza de cada período, sem descaracterizar a pessoa que era retratada. Além disso, Winterhalter era extremamente atencioso com detalhes das roupas, jóias e penteados. Isso foi o suficiente para criar a fama de melhor retratista da Europa e fazer com que seu trabalho fosse requisitado pelas principais famílias nobres e reais do continente, literalmente da Rússia à Espanha. O retrato que alçou sua carreira ao estrelato internacional foi do Príncipe de Wagram e sua filha, exibido no Salão de Paris de 1838:
O quadro do Príncipe de Wagram com a filha era completamente diferente dos rígidos retratos familiares que haviam dominado a arte do século 18. Os tempos eram outros e a ideia do lar e da família como algo baseado no amor, e como um refúgio contra os males do “mundo lá fora”, estava se consolidando na Europa. E o retrato pintado por Winterhalter conseguiu transmitir exatamente esta ideia. Naquele mesmo ano, ele entrou no círculo da realeza, onde ficaria até os anos 1860.
Separei para vocês algumas das minhas pinturas favoritas dele:
Francisca era Princesa do Brasil por nascimento e irmã de d. Pedro II.
Winterhalter é um dos meus pintores favoritos em toda a História da Arte ocidental. Para mim, junto com Tissot e Ingres ele forma a santíssima trindade dos pintores que são excelentes fontes de referência para moda histórica. Mas ele teve uma produção muito grande e intensa, não só com esses retratos da realeza, que não cabe nesse post. Vale a pena conhecer mais do trabalho dele na galeria do pintor na Wikimedia.