Uma das tradições mais gostosas do Natal vitoriano era o pudim de Natal ou plum pudding – que, diga-se de passagem, é uma receita muito mais antiga que a Era Vitoriana e totalmente diferente do pudim que nós conhecemos aqui no Brasil. Dando continuidade ao nosso especial de Natal vitoriano, hoje vamos conhecer a história desse pudim e aprender a fazer o seu com algumas adaptações moderninhas 😉
Em “O Conto de Natal”, Dickens conta a história do rabugente Ebenezer Scrooge, que na noite de Natal é visitado por três fantasmas que ensinarão a ele o verdadeiro significado da festa. O segundo deles, o Fantasma do Natal Presente, leva o velho Scrooge para assistir à Ceia de Bob Cratchit, seu empregado. A família Cratchit é muito pobre e, apesar da casa humilde e da ceia simples, a família celebra o Natal com grande alegria. É nesse cena que Charles Dickens descreveu um dos maiores clássicos da culinária inglesa, o Pudim de Natal:
O pudim de Natal inglês (plum pudding) já era uma tradição registrada na época das Cruzadas e durante toda a Era Tudor ele foi um prato obrigatório no Natal. Nos anos 1660, durante a Revolução Puritana, o pudim de Natal foi banido por ordem do governo, sob o argumento de seus sabores ricos e complexos eram um convite ao pecado da gula. Mas isso não foi o suficiente para dar fim à tradição.
Em 1714, o pudim de Natal ressurgiu na corte inglesa durante o primeiro banquete de Natal oferecido pelo rei George I, que por um acaso acabou sendo apelidado de “Rei Pudim” devido ao seu apetite e às suas formas arredondas, que lembravam o formato tradicional do pudim.
Como parte da tradição, o preparo do pudim envolvia toda a família, mesmo homens e crianças. Ele começava a ser preparado no primeiro domingo de dezembro (Domingo do Advento), lentamente, e rodeado de mistérios e rituais: Cada membro da família era convidado para mexer o pudim durante o cozimento e fazer um pedido, que se realizaria no ano seguinte. Era também costume se colocar uma ou duas moedas de prata dentro do pudim: quem encontrasse a moeda teria sorte garantida no próximo ano! Havia ainda quem colocasse um anel de noivado no pudim, como uma simpatia para garantir a felicidade amorosa, com a promessa de que o felizardo que encontrasse o anel estaria casado até o próximo Natal.
Idealmente, o pudim de natal é envelhecido antes de ser comido, mas você não precisa necessariamente prepará-lo no Domingo do Advento. Claro que os sabores ficam mais intensos à medida em que os dias se passam, mas mesmo com 2 ou 3 dias de espera esse pudim já é um festival para o paladar. Então, meus queridos, vamos ao pudim para deixar o seu Natal com gostinho de Inglaterra Vitoriana?
Para fazer o pudim você vai precisar de:
- 100g de farinha de trigo
- 100g de miolo de pão (se for levemente envelhecido, melhor)
- 200g de banha ou manteiga
- 200g de passas escuras
- 200g de passas brancas
- 120g de maçãs picadas
- 100g de frutas cristalizadas
- Raspas de casca de laranja (podem ser cristalizadas ou não, fica a seu critério)
- 150g de açúcar mascavo
- 1/2 csp especiarias (cravo, canela, pimenta jamaica,noz moscada, gengibre em pó)
- 1 pitada de sal (muito importante para que não fique muito doce)
- 1 dose generosa de conhaque ou de rum
- 3 ovos grandes
- 1 peça de tecido de algodão ou linho (pode ser um pano de prato, de preferência novo)
Como preparar:
Em uma tigela grande, misture a farinha, o miolo de pão, as maçãs e a banha/manteiga. Acrescente as frutas secas, o açúcar e as especiarias. Adicione o conhaque, os ovos e a pitada de sal. Misture bem, mas lentamente – e não esqueça de fazer seus pedidos e incluir as moedas ou anel!
Você terá uma massa pesada, mais parecida com a consistência de uma massa de cookie. Não se preocupe, ela fica assim mesmo.
Abra o pano de prato, despeje a massa e feche com um nó bem forte. Coloque em uma forma de sua escolha (metálica para banho-maria e refratária para microondas) e aperte a massa para encaixar bem. Cozinhe em banho-maria por 3h a 4h ou no microondas por 20 a 25min em potência máxima. No final, você terá algo assim:
O ideal é que ele seja servido morno, com aquela caldinha de açúcar que se usa na colomba pascal, ou flambado com conhaque. Para impressionar seus convidados, flambe o pudim na mesa: a visão dele pegando fogo é demais! Mas, se você não quiser incendiar o pudim, também dá para servi-lo somente com açúcar de confeiteiro polvilhado e algumas decorações natalinas e até frutas cristalizadas.
Uma resposta
gostei muito do seu site, sempre volto para ver conteudo
tão bem elaborado.