Para facilitar a nossa busca por referências para trajes de época, este é o segundo post de uma série falando sobre as relações entre a Arte e a Moda. Então hoje começamos falando da moda no Renascimento.
Registrando a Moda no Renascimento
O Renascimento ou Renascença é um período que se estende mais ou menos da metade do século 14 ao final do século 16. Nesse período, uma intensa mudança de pensamento começa a partir da Itália, marcando a transição da Idade Média para a Idade Moderna. Essas mudanças vão atingir em cheio as Artes. Uma das principais inovações do Renascimento é o cuidado com a representação da figura humana e de tudo o que a envolvia e enfeitava, algo bem diferente do que a gente vê na arte medieval. Os artistas do Renascimento produziram muitos quadros com temas bíblicos e da mitologia greco-romana, mas também um número significativo de retratos de seus mecenas (pessoas ricas que patrocinavam os artistas). Tanto os quadros “históricos” (bíblicos e mitológicos) quanto os retratos têm um nível de detalhamento muito grande, que nos permite ter uma boa ideia das concepções de beleza e gênero da época, assim como da modelagem e proporção e dos materiais utilizados. Isso sem contar os acessórios e penteados!
Em cada região da Europa a arte do Renascimento tem características próprias com relação às técnicas, aos temas e à representação dos trajes. Quando a gente fala sobre moda no Renascimento, uma das primeiras referências que vêm à cabeça das pessoas é a série “The Tudors”. Por ser uma obra de ficção e que tem por objetivo fazer com que a audiência se identifique com os personagens, “The Tudors” (como qualquer outra série ou filme) tomou uma série de liberdades na hora da criação dos figurinos. O que a gente viu na série foram trajes livremente inspirados em alguns estilos característicos da Inglaterra, mas muuuuuito livremente. Mas a verdade é que cada região da Europa tinha diferentes estilos de trajes, alguns muito diferentes entre si, que a gente conhece principalmente através da pintura.
Separei alguns pintores de diferentes regiões da Europa, que eu considero serem boas fontes para conhecer a moda no Renascimento e até servir de referência para seus figurinos. O principal critério que usei foi a representação realista dos trajes, seguido pela disponibilidade de galerias online e informações específicas sobre as pessoas retratadas e contextos de produção. Os pintores estão organizados por região da Europa e todos têm links para galerias na Wikimedia Commons 😉
Inglaterra
Hans Holbein, o Jovem (1497?-1543) – esse pintor alemão foi o retratista favorito de Henrique VIII e um observador sagaz do papel que a moda exercia dentro da Corte inglesa da época. Além dos quadros, ele criava designs incríveis para jóias e armaduras. Clique aqui para abrir a galeria de trabalhos dele.
Nicolas Hilliard (1547-1619) – um ourives inglês que dominava a técnica em decadências das antigas iluminuras medievais. Hilliard foi um grande pintor de miniaturas na corte de Elizabeth I e é considerado um dos maiores retratistas da Inglaterra durante o longo reinado dela. Abra a galeria aqui.
Países Baixos
Pieter Brueghel, o Velho (1526-1569) – também conhecido como “Brueghel Camponês”, esse pintor holandês era fascinado pela vida das pessoas comuns e produziu vários quadros retratando cenas do dia-a-dia de camponeses e trabalhadores urbanos, além dos tradicionais temas bíblicos. Visite a galeria.
Jan van Eyck (1390-1444) – embora muitos o considerem como um pintor do gótico tardio, a pintura de Jan van Eyck já tem muitas características que antecipavam o Renascimento do norte da Europa. Ele é uma excelente fonte para o início da moda do Renascimento e final da Idade Média. Galeria aqui.
Alemanha & Áustria
Albrecht Dürer (1471-1528) – provavelmente o maior nome do Renascimento alemão, foi pintor de Corte no Sacro Império Romano Germânico e passou por várias cidades da Holanda e Itália. Apesar de ter pintado muito mais quadros com temas bíblicos, seus retratos têm um nível de detalhamento incrível e são uma ótima referência da moda no renascimento do norte da Europa. Galeria.
A Alemanha tem também um caso único: o primeiro lookbook do Ocidente.
Espanha & Portugal
Alonso Sánchez-Coello (1531-1588) – nascido na Espanha mas criado em Portugal, Sánchez-Coello foi um pintor de Corte durante quase toda a vida. Em Portugal pintou retratos da nobreza lusitana e a Família Real Portuguesa. Na Espanha, se tornou o pintor favorito do rei Filipe II. Clique aqui para abrir a galeria
Itália
Domenico Ghirlandaio (1449-1494) – Pintou muitas cenas religiosos e poucos retratos, mas isso não é exatamente um problema para nós. Uma dica é não se ater apenas aos retratos. Nas pinturas que representavam passagens bíblicas, não era incomum que aquele que encomendava a pintura, ou alguém de sua família, aparecesse no meio da cena. Na maioria das vezes, os presentes eram representados não com trajes da época da cena, mas em roupas de sua própria época, que representavam seu status social. Vejam o exemplo abaixo:
O quadro acima representa a cena do nascimento de Maria, por Domenico Ghirlandaio. Mas vejam que o ambiente não é exatamente o que se espera numa cena bíblica; trata-se do interior de uma casa nobre renascentista, em toda a opulência que a riqueza permitia naquele momento. Os personagens estão vestidos com trajes renascentistas. E a mocinha ali na frente? É a filha do nobre que encomendou o quadro. GALERIA
Ticiano (1473/1490-1576) – um dos pintores mais produtivos e geniais do Renascimento italiano e um mestre na arte de retratar a moda do renascimento. GALERIA
Leonardo da Vinci (1452-1519) – não dá pra fazer uma lista dessas sem citar o maior gênio do Renascimento. Da Vinci fecha com perfeição essa pequena lista de referências de moda no Renascimento. GALERIA DE RETRATOS.
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