A Modista do Desterro – Pauline Kisner

JUMPS | O colete feminino do século 18

(*tira a coberta empoeirada de cima dos móveis*)

Olá, Modisters!

Faz tempo que eu não apareço por aqui, né? Estou tentando voltar a escrever no blog, mas não é sempre que bate aquela inspiração, mas acho que hoje vai!

No vídeo dessa semana, a gente conversou um pouco sobre o uso de espartilhos entre as mulheres trabalhadoras no século 18. E se você ainda não viu, te aconselho a assistir antes de continuar a leitura desse post.

No vídeo eu falo sobre um tipo de colete estruturado que era usado por crianças, por mulheres idosas e por quem não estivesse querendo/podendo usar um espartilho. Em inglês essa peça é conhecida como jumps e é o que a gente vê essa mocinha adorável do quadro “La Simplicité” (Jean-Baptiste Greuze, 1759) usando:

Os jumps parecem ter sido uma peça usada com mais frequência pelas mulheres das áreas rurais e era considerado uma peça informal. Ou seja, seria algo a ser usado no trabalho do dia-a-dia, mas jamais numa ida à igreja no domingo, por exemplo. Pela existência de muitas peças em seda nos países do norte da Europa (em especial na região da Escandinávia), alguns pesquisadores acreditam que os jumps possam ter sido parte dos trajes de casa das mulheres mais abastadas e parte fundamental dos trajes regionais em áreas rurais da Noruega e Suécia.

Os jumps são coletes quiltados, que podem ou não ter barbatanas, e que aparentemente substituíam o espartilho em situações específicas. Fora isso, não se encontra lá muita unidade entre eles.

Alguns são feitos em seda

Suécia, 1750. Museu Nórdico de Estocolmo
Inglaterra, 1745. Acervo do Victoria & Albert Museum

Outros são de linho de alta qualidade e até ricamente bordado

Inglaterra, 1680-1710. RIDS Museum

Mas temos as versões em algodão, que no século 18 ainda era um fibra cara e restrita à elite, em que as linhas de quilting são feitas com a mesma cor ou até com cores contrastantes, frequentemente usando seda

Inglaterra, 1700. Museu de Arte da Filadélfia
Holanda, 1750-1790. Museu de Arte de Amsterdam

É bem frequente encontrarmos modelos em museus e referências artísticas que mostram os jumps usados com laços na frente:

Ou com cordões passados em ilhóses

Jean-Baptiste Santerre. “Jovem Mulher dormindo” (c. 1700)

Novamente, não parece haver uma unidade entre eles e é meio que um consenso entre os pesquisadores que essas peças eram majoritariamente feitas em casa, ao contrário dos espartilhos.

A estrutura deles é muito simples: são duas camadas de tecido “recheadas” com enchimento de algodão ou lã. As costuras decorativas que são feitas tanto decoram a peça quanto seguram o recheio no lugar. Então é possível que no inverno os jumps também tenham sido usados para manter o tronco quente.

É a mesma lógica das costuras do edredon

E das anáguas quiltadas que se usavam no inverno no século 18

FAZENDO JUMPS

A pesquisadora Sharon Burston produziu um molde em escala a partir de um dos modelos de 1740 que está no coleção do Museu de Arte da Philadelphia. Cada quadrado do grid equivale a 1 polegada (aproximadamente 2.54cm x 2,54cm).

E no blog da Ju Lopes, ela mostrou as fotos e um pouco do processo de modelagem dos jumps que ela fez. É só clicar na imagem para abrir!

No canal da Angela Clayton ela mostra em vídeo (em inglês) todo o processo dela:

E a Jordan Mitchell gravou um comparativo bem legal entre a silhueta com espartilho e com jumps

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