Jacques Tissot (1836-1902) nasceu em Nantes, França, em uma família de comerciantes de cortinas e tecidos para decoração. Talvez a infância corrida em meio aos tecidos tenha causado um impacto forte sobre o menino, que se refletiu, na vida adulta, em sua inquestionável habilidade para representar a fluidez e o movimento dos babados na moda vitoriana feminina.
Jacques Tissot frequentou a Escola de Belas Artes e os salões de Paris, onde misturava-se a outros nomes que marcariam a pintura francesa do século XIX, como Edgar Degas e Édouard Manet. O primeiro sucesso de Tissot veio através de uma pintura com temática neomedieval, retratando o encontro de Fausto e Margarida. O quadro foi adquirido pelo governo francês e alçou Jacques Tissot ao estrelato:
Embora ao longo dos anos Tissot tenha produzido outras artes de mesma temática, além de cenas bíblicas e quadros históricos, foi na pintura de gênero que ele mais se destacou. De fato, ele se especializou em representar a beleza feminina em situações cotidianas (leia-se fora de um estúdio), ramo no qual alcançou a excelência. Pessoalmente, considero que Tissot é o terceiro vértice da santíssima trindade da arte da Era Vitoriana para quem procura referências de moda, junto com Winterhalter e Ingres.
O atenção do pintor aos detalhes do traje feminino chega a ser desconcertante. Na Primeira Era Bustle (1870-1877), o rápido aperfeiçoamento das máquinas de costura permitiu que decorações cada vez mais elaboradas fossem aplicadas às roupas. No período 1870-1890 vemos uma quantidade desafiadora de babados, franzidos e drapeados dominarem as saias, combinando tecidos mais firmes como o tafetá a outros mais leves, como renda, tule francês e gazar de seda. O resultado era uma silhueta que, apesar de ter um certo peso e rigidez devido à armação da saia, continuava apresentando leveza e um movimento gracioso. Ele soube como ninguém capturar essas características. Dá quase para ouvir o barulho das saias 😉
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