Os anos passam e as gargantilhas sempre acabam voltando. Recentemente elas reapareceram, inspiradas pelos modelos que fizeram sucesso nos anos 90. Esse foi o look obrigatório das jovens bruxas dos anos 90 e sou culpadíssima desse crime:
Mas as gargantilhas não são exatamente uma novidade quando se trata de moda e sua história não é lá muito glamourosa. Podemos encontrar evidências do uso de gargantilhas, como adorno ou amuleto, no Egito Antigo e na Mesopotâmia. Mas ela também estava presente em versões de ferro que identificavam os escravos e evitavam suas fugas, tanto na Antiguidade quanto aqui na América Colonial. E embora formatos, decorações e funções dela tinham sido os mais variados, a gargantilha manteve uma característica comum ao longo dos séculos: uma peça bem ajustada ao pescoço.
Se as gargantilhas egípcias e mesopotâmicas portavam amuletos mágicos, as gargantilhas europeias eram puramente decorativas. E embora elas até sejam encontradas em outros períodos, acabaram ficando famosas mesmo foi nas inúmeras versões que ganharam no século 18.
Joalheria Georgiana
A joalheria do século 18 (que em alguns locais é referida como “joalheria georgiana”, usando como referência a história da Inglaterra) era bastante extravagante. O ouro perdeu espaço para a prata como metal de preferência para jóias, que era combinada com pérolas, diamantes, esmeraldas e rubis – muitas dessas pedras saídas daqui mesmo, do continente americano. E como tudo no século 18, a joalheria era cheia de detalhes:
Mas claro que esse tipo de joia não era usada todo dia. Elas eram reservadas para ocasiões que pediam trajes de gala, como casamentos e eventos oficiais da Corte. No dia-a-dia, as mulheres usavam jóias mais discretas, bijuterias e até cópias de suas próprias jóias, as quais eram guardadas em cofres ou até empenhadas para saldar em segredo alguma dívida da família… Aparentemente, as gargantilhas eram uma das peças de acessórios mais usadas no dia-a-dia.
Muito mais baratas do que um conjunto de jóias em prata e diamantes, as gargantilhas existiam em todos os formatos e gostos e para todos os bolsos. Temos desde modelos feitos com fitas de seda/rendas e decorados com pingentes, broches e laços…
Até versões mais discretas, confeccionadas com uma fita lisa:
Ou um simples cordão com um pingente, amarrado na volta do pescoço:
Mas claro, o modelo que a maioria de nós lembra é aquele que geralmente fazia par com o Robe a la Française, que é a gargantilha de fita franzida:
Essa gargantilha era normalmente feita com as sobras de seda da produção do próprio vestido. Era uma ótima maneira de dar destino a uma material tão caro quanto eram os tecidos na época. As tiras de seda eram cortadas, recebiam uma barra bem fininha e então eram franzidas ou pregueadas para dar forma à gargantilha. É nesse modelo que o nosso tutorial de hoje se baseia.
Fazendo uma gargantilha do século 18
Esse é um projeto super simples, perfeito para quem está começando na costura histórica ou só quer fazer alguma coisa rápida mesmo. No tutorial eu ensino a fazer a gargantilha à mão, usando uma versão adaptada da técnica da época, mas com os pontos históricos. Os pontos também estão linkados no vídeo. Incluí até uma receitinha mágica para você “domar” o franzido da fita com o ferro de passar sem estragar o material.