A Modista do Desterro – Pauline Kisner

Chemisette (1816)

chemisette

Dando continuidade ao projeto do traje de luto da Duquesa de Cadaval, resolvi seguir trabalhando nas roupas íntimas típicas da Regência, o que já representa um universo inteirinho de novidades para mim. Uma das coisas que estabeleci como meta é usar a máquina de costura somente em costuras longas e que não sejam aparentes. Seguindo com o plano de costurar tudo o que for possível à mão, resolvi fazer uma chemisette para preencher o decote do vestido.

O que é uma chemisette?

Chemisettes são camisas falsas, ajustáveis, que eram usadas para preencher os decotes da Regência no momento em que eles ficaram realmente fundos (1800s). A chemisette é uma peça clara, geralmente branca e confeccionada em algodão; algumas padronagens como listras finas e bordados em estilo inglês também são encontradas. O modelo mais comum é sem mangas, mas isso não parece ser uma regra, assim como as golas: elas podiam ser redondas e baixinhas, altas com babados, baixas com babados, estilo boneca, decote V, com rufos altos, com rufos removíveis… Como a chemisette era considerada parte da roupa de baixo, era bem possível que as mulheres tivessem diferentes modelos à sua disposição e só trocassem de acordo com seu gosto.

chemisette
Alguns exemplos de chemisettes, com registros visuais em cima e peças originais embaixo.

Trabalhando no molde da Chemisette

Como o retrato da duquesa não mostra a chemisette, só o rufo, eu tive uma certa liberdade para criar. Por ser minha primeira peça, optei por um modelo sem mangas e sem decorações, com uma gola de bordado inglês pregueado. Meu molde de referência foi um dos modelos reproduzidos no “Patterns of Fashion vol.1”:

Fiquei com receio de fazer as costas tão estreitas e resolvi fazê-las um pouco mais largas. Meu molde ficou assim:

MATERIAIS

45cm de algodão branco (uma sobra que eu já tinha em casa);

30cm de bordado inglês (também sobra de outra peça)

Fita de cetim branca nº 1

MONTAGEM

A montagem foi mais demorada do que complicada, mas me deu a chance de praticar diferentes técnicas de costura de mão: costura francesa nos ombros, barra enrolada em toda a cava, ponto espiral, ponto atrás… As primeiras costuras ficaram péssimas e precisei desmanchar, mas depois peguei o jeito. A melhor parte da costura de mão é que ela deixou a peça com um acabamento realmente delicado, como são as originais:

Detalhe das costuras

Aliás, aproveita e dá uma olhadinha nesse post, onde eu já falei sobre os principais pontos de mão para costura histórica 😉

Resultado:

Habemus chemisette, meus caros – aqui fotografada com um corset de transição dos anos 1790:

Frente, fechada com fitinhas de cetim embaixo do busto e no pescoço. Camafeu somente para ficar bonitinho.
Lateral abertinha, não restringe os movimentos.
É provável que as costas pudessem ser mais estreitas, mas preferi não arriscar até me acostumar com o estilo Regência.

Upgrade

Quer aprender a fazer sua chemisette? Já tem tutorial no blog aqui nesse link 😉

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